Dia 99 a 109

Acho piada à minha vida. A sério. Então andei quatro anos a amar arquitectura mas a odiar trabalhar e agora que decidi parar de estudar um ano, deu-me uma vontade enorme de fazer projecto.

Estas duas semanas de trabalho na Toscca deram-me mais formação técnica arquitectural e de construção do que um ano inteiro com dois professores que eu cá sei quem são. E quando pensava que tão depressa não voltaria a desenhar nada, parece-me que afinal posso sorrir. Duas encomendas para dois projectos internos aqui no trabalho surgiram, em boa verdade não são nada de especial, mas é sempre bom projectar qualquer coisa, quem disser o contrário deve ser contabilista ou advogado ou algo que o valha e que não tem piada nenhuma.

Ainda não tenho o meu portátil arranjado por isso ainda não pude trabalhar na cena experimental do questadizer e a curta de mistério/fantasia/terror que eu depositava tanta esperança, empenho e criatividade já nem me lembro da última vez que me apeteceu pegar nela. Este emprego enche-me as medidas, nunca me senti com uma vida tão saudavel nem sem sentir a necessidade de fazer mais alguma coisa para além disto, vá excepto tocar clarinete e quanto à bateria nem falo, coitada, está toda desmontada à espera que a vá limpar, montar e afinar.

Há duas semanas que não toca na minha pen, qualquer dia já nem sei dela. Não vejo filmes, não tenho jogado desde que acabei o Assassin´s Creed, tenho passeado com a Cláudia é verdade, nos poucos tempos livres que tenho, isso chega-me. Ler... Só o catálogo, tabelas de preços, e-mails e folhas contabilísticas como facturas, recibos, vendas a dinheiro, guias de remessa, encomendas, sei lá... Chega-me. Se sinto falta do Eça, do Saramago, sim um pouco, mas nada que me faça sentir infeliz. Tenho sempre a Cláudia.

Deste modo, parece-me que esta data seja para festejar porque pela primeira vez estou a escrever para mim, sem pensar se alguém vai ler isto ou não. São dez horas de sábado, estou a trabalhar, mas estou a fazer o que eu gosto.